O Santo, o demônio e a ‘Grobo’
https://folhadiferenciada.blogspot.com/2018/09/o-santo-o-demonio-e-globo.html?m=1
por Marco Aurélio Mello
A pesquisa Ibope divulgada na noite de terça-feira revela muito mais do que números, sempre manipuláveis, dentro ou fora da margem de erro.
Revela que a Globo fez um escolha.
Na verdade, revela que a Globo ficou sem escolha.
E, na falta de escolha, o conglomerado de comunicação estendeu seus braços ao primeiro colocado, o #elenão.
Por uma razão simples, não há mais acordo possível com partidos e candidatos do campo popular e democrático.
O Santo
É claro que, se pudesse escolher, o candidato dos sonhos seria outro, o Santo.
Mas seu partido, golpista, não o ajudou.
Não o ajudou porque nas últimas eleições gerais, em 2014, o candidato deles, derrotado, um dos artífices do golpe, hoje desmoralizado por denúncias e cercado de desconfiança, já não consegue reunir 100 gatos pingados para lançamento de sua campanha a deputado federal por Minas Gerais, como foi no último fim de semana.
Um vexame.
Virou um zumbi, um cadáver político, num dos colégios eleitorais mais importantes do país.
O próprio presidente da legenda admitiu: apoiar o golpe jurídico-parlamentar-midiático foi um erro.
É a velha máxima: quem tem pressa, come cru.
Não ajudou também porque a elite intelectual do partido da social democracia nunca comungou, nem com sua caipirice, nem com seus vínculos com a Opus Dei, a extrema direita da igreja católica.
Os “intelectuais” do partido não aceitam também a falta de carisma do chamado picolé de chuchu.
Também pesam contra ele a derrota para Lula em 2006 e os escândalos de sua já desgastada gestão em São Paulo, com pelo menos três casos emblemáticos: o Metrô, o Rodoanel e a Merenda Escolar…
Na verdade, o partido vem rachado desde que seu inimigo número um, economista e ex-ministro da Saúde, passou a bombardear as pretensões políticas de seu colega.
Sem contar a ascensão do prefake, que trouxe o fisiologismo mais rasteiro para as hostes do partido.
O Demônio
A falta de escolha da Globo ficou clara, quando do encontro no Jardim Botânico, há três semanas.
É certo que os donos da mídia levantaram uma bandeira branca para o candidato de extrema direita, desde que demarcado antecipadamente o território de convivência pacífica.
Por convivência pacífica entenda-se: mantem-se privilégios por um lado em troca de governabilidade, sobrevivência política e econômica por outro.
É o bom e velho “toma lá, dá cá”.
A Globo
A Globo hoje é refém dos interesses dos EUA, porque é lá que se investigam os escândalos do futebol.
Apesar da audiência, a emissora não tem mais credibilidade jornalística.
Isto fica claro ao conversar com as pessoas nas ruas.
Muitas identificam seus interesses comerciais sempre acima dos interesses dos cidadãos comuns.
A própria agenda da emissora deixa claro esses interesses: rentabilidade do capital financeiro (mantra: honrar contratos); transnacionais do petróleo (mantra: corrupção na Petrobras); transnacionais de alimentos (mantra: agro é pop) e não para por aí.
Sua pauta é reformista, desde que as reformas mantenham os privilégios.
Reformas Trabalhista, Previdenciária, Tributária, Política… todas elas excludentes.
Não há acordo nacional que traga eles de volta.
Ou há?
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